O câncer cansa, mata e destrói. É o que se tem visto por todos os
lados. Uma guerra interna para a pessoa diagnosticada, seus familiares e todo
profissional que se identifica com a temática da oncologia.
Antes dos tempos modernos, a palavra câncer era apenas o nome de um
signo, a representação de uma personalidade, uma crença do zodíaco, um
horóscopo diário, nem sempre relacionado a dores. Nos dias atuais, aponta aos
pesadelos. Sim, pois é pesada palavra, penoso processo, opressor, um demônio.
Câncer também significa cancro, ou ainda caranguejo, este último, um
crustáceo interessante e que dificilmente matará uma pessoa. Anda de lado, se
alimentam de peixe, restos mortos, insetos, lama, são semelhantes ao siri. Já o outro, é um tumor.
De onde vem este mal? Seria castigo dos deuses? Seria destino?
Envelhecimento? Alimentação? Emoções negativas? Da luz sol? Ele vem de nós e do
que nos cerca. Estamos poluídos,
polo-indo. Vida-morte. Vida-indo-morte. Polo vida - polo morte. E vice-versa, às
vezes da vida para a morte.
Como tratá-lo? Como gerar vida? Seria por benção divina? Uma lição a
passar? Alimentação saudável? Boas emoções? E a cura? Respirar. Ela vem de nós
e do que nos cerca. Desta forma, a morte gerando vida.
Na mitologia, Hercules com uma pisada, mata o caranguejo e este vira
constelação.
Na gastronomia, caranguejo vira alimento, sustento para milhares.
Na oncologia, caranguejo vira cancro, cancro vira câncer, vira tumor.
Aqui nem todo tumor é câncer, mas todo câncer é tumor.
Muitas vezes, fogo que arde e não se vê, real ferida que doe e não se
sente, quase papável, quase tudo que cerca a pessoa, fica ruim, sem gosto, sem
beleza.
Isto tudo continua até que a mesa vire. E ai o cancro vira caranguejo,
a pessoa vira Hercules, quem cerca o diagnosticado vira pescador, vira catador
em lamaçal, vira-se ao outro. E tudo se transforma em constelação. Ouve-se novo som:
Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou...
(Música: O Sol –
Milton Nascimento)